Porto de abrigo

16:14Unknown




-O que te apetece fazer agora? Perguntavas tu.


-Eu só quero estar contigo, o resto logo se vê. dizia eu.


E assim foi, mais um lugar escolhido ao acaso num dos tantos planos que juntos fazíamos.

Nunca tínhamos estado ali, eu não conhecia, e tu muito menos, mas que mais precisávamos nós?


Estacionámos o carro eu estava a usar aquele vestido salmão que tu tanto adoravas. Tu estavas de calções, pólo de manga curta e tinhas um casaco cinzento com capuz caso ficasse frio.


-Lembras-te?

Tenho a certeza que sim, porque sempre foste ligado aos pormenores. Não és como eu que me esqueço do que jantei no dia anterior, e se eu me lembro tu lembrarás melhor que ninguém. 


O verão já era inexistente e as tardes estavam mais frias que o habitual.
O meu vestido salmão fez-me ficar desajustada com o tempo, que parecia perder graus a pique.
Não ia dizer que estava a morrer de frio, logo, eu não desarmei e fiz-me de forte (como sempre tento).

Foi esse teu despe-veste do casaco cinzento sob mim, que me devolveu cor aos meus lábios roxos pelo frio.


Não ganhei apenas um mero adereço e uma cor de lábios nova, mas sim os teus braços sobre mim como porto de abrigo.

Oh meu Deus, é essa tua curva perfeitaque desce sobre o teu ombro, e que me agarra por inteira, que me deixa derretida. (E tu sabias tão bem)

Assim sendo estavas a dar-me razões suficientes para que não deixasse vencer pelo frio. Continuamos a explorar aquele agradável acaso...

Tu foste em primeiro lugar, para explorar os caminhos e veres se seria seguro ir contigo. Depois ergueste a tua mão para irmos juntos, não fosse eu cair ou parecer mais uma macaquinha de imitação atrás de ti.

Depois de risos e peripécias e até alguns sustos de pedras soltas, conseguimos chegar ate a água que estava quente para o frio que sentíamos cá fora.

Eu atirei-te agua, tu atiraste-me agua e parecíamos duas crianças a brincar pela primeira vez na praia.

Eu a sorrir malandra-mente como quem quer dizer: vamos a água?


E tu rias-te que nem um perdido porque conhecias-me tão bem...
Sabias que não iria a agua com o frio que estava.

Eramos tão nós, éramos e mesmo assim e não compreendíamos o que estávamos a viver. 

Ao descrever cada segundo desta fraca memoria que me dou por vencida de saudades, que sinto que ao escrever consigo "viver" mais um pouco de um sentimento tão puro.

Éramos apenas nós e aquele por do sol no meio do guincho, abrigados sob uma ternura de um romance tórrido.
Simplesmente uma das muitas lembranças que passámos juntos, num acaso que nos juntava cada vez mais e nunca menos.

Não precisávamos de mais nada pois já nos tínhamos tanto.

                             "Talvez seja assim..."


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